As festas na sua essência, têm a sua importância, são necessárias para a distração e lazer das pessoas. Contudo, temos de reconhecer o aspeto negativo da alienação, com o qual perde-se a consciência ou secundariza-se a realidade que nos rodeia no quotidiano.
Também a classe politica da área do poder incentiva e faz festas, subsidiando e participando, porque como é óbvio, não convém um povo desperto, descontente e muito menos revoltado com as mazelas cada vez maiores sentidas no dia a dia. Devemos é estar satisfeitos e felizes, nem que seja momentânea e esporadicamente durante períodos breves, mas marcantes.
Sejamos sinceros, que o sentimento das pessoas, mesmo participativas, não é de alegria na plenitude. O peso angustiante das suas condições não se consegue anestesiar. É o salário em atraso, são os cortes nos abonos e nas pensões, é o subsidio de férias que não aparece. Para outros, o desemprego com infinitas visitas ao Centro de Emprego, sempre infrutíferas. Outros ainda, o Rendimento Social de Inserção reduzido, já não dá para o sustento dos seus numerosos agregados familiares.
Tudo isso, faz muito difícil a faina da sobrevivência, pois viver com outra dignidade é redobradamente tarefa impossível, nas atuais circunstâncias sociais existentes.
O regresso ao palco real do calendário, após as festas, tem um sabor a amargo e enjoativo, porque nem tudo é o momento, é preciso construir e reconstruir sistematicamente, sob pena de pararmos no tempo.
Neste sentido, sublinhe-se as infatigáveis capacidades do nosso povo em termos de improvisação, criatividade e convicção para conseguir os seus justos objetivos.
Rendo-me a toda esta energia e tenacidade, no entanto há que não ficar resignado à situação grave que ficamos mergulhados, com responsabilidades sem serem nossas, mas que são sempre imputadas aos corações produtores.
Quanto mais cultos, mais livres. Quanto mais informados, mais ativos. Na diversidade de opiniões, não nos antagonizamos, contrariamente enriquecemo-nos e complementarizarmo-nos. Viver apenas por momentos alienatórios é uma vivência muito redutora.