A líder do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda acusa o PSD/Açores de ter uma agenda secreta para a privatização de todos os sectores estratégicos da economia e serviços públicos da Região para – à semelhança do que acontece com a EDP, no continente – pôr os contribuintes a pagar a satisfação das clientelas endinheiradas dos Açores e não só, sob o slogan ‘Açores, Região Económica’. “EDA, SATA, Água, Portos, Saúde, Educação – vai tudo para os mais ricos e o povo paga”, alertou esta manhã Zuraida Soares, no âmbito do debate de urgência sobre Desemprego.
“O exemplo que Berta Cabral quer trazer para os Açores é o de um governo que tira aos pobres e aos trabalhadores para entregar aos ricos”, disse a líder da bancada do BE, salientando, no entanto, que esta estratégia já tem sido seguida pelo PS de Carlos César e Vasco Cordeiro. Isto porque, ao mesmo tempo que a Região produz mais riqueza – em 2009 passou a ser a 4ª mais rica do País e superou os 75% da média europeia do PIB – o número de pobres aumenta. “A pergunta elementar que se impõe é esta: então, para onde, para quem vai esta riqueza?”, ironizou Zuraida Soares.
Perante os números do desemprego – que atinge já cerca de 20 mil açorianos –, a deputada do Bloco de Esquerda apontou algumas soluções para minimizar esta situação de autentica tragédia social, desafiando todos os partidos representados na Assembleia Legislativa dos Açores a exigir a reposição da Lei de Finanças Regionais de 2010, de forma exclusiva para os Açores, e a rejeitar qualquer novo aumento de impostos.
Outra proposta, que o BE tem vindo a defender desde há três anos, é a criação de um plano de reabilitação urbana integrado, quantificado no tempo e nos recursos, capaz de conjugar meios financeiros e logísticos do Governo Regional e das autarquias, o que permitiria a criação de inúmeros postos de trabalho, nomeadamente no sector da construção civil, que está a ser extremamente afectado pela crise.
“Hoje, toda a gente fala em reabilitação urbana, mas, em vez de avançarem com propostas concretas, preferem fazer promessas do tipo ‘faremos isso e muito mais, quando eu ganhar as eleições’”, lamenta Zuraida Soares, que acusou Carlos César, Berta Cabral e Artur Lima de serem co-responsáveis pela situação actual: “Ainda não há 10 meses, estavam unidos: ou a troika ou o desastre – diziam – temos de pagar a dívida, não há outro caminho. Mas, afinal, é o caminho que escolheram que semeia a miséria, o sofrimento e a incerteza, nos lares dos Açores”.