A transparente opacidade da AMISM

“Vamos para uma sessão pública com a certeza da nossa decisão, mas a verdade é que ela não está tomada”: não terá passado despercebida a toda a gente esta “pérola” nas declarações do presidente da AMISM (no telejornal de 9 de fevereiro) relativas ao processo da Central Incineradora de RSU de São Miguel, mas a verdade é que ela merece realmente toda a atenção. É que a “sentença”, apesar de risível, acaba por resumir exemplarmente a trapalhada e a opacidade que tem acompanhado todo este processo.

A opção pela incineração é a melhor, mas vão ser analisadas alternativas? A decisão “não está tomada”, mas a AMISM já tem “a certeza”?

Se há certeza na AMISM é a de que, quanto mais os cidadãos vão sabendo e reflectindo sobre o assunto, mais dúvidas e incertezas surgem – daí o fechamento inicial, a conversa do “assunto técnico”, a falta de democracia de quem se considera mandatado para decisões sobre temas que não sufragou. Agora (diz-se que com uma agência de comunicação contratada?), a estratégia parece ter mudado e tudo se anuncia como “transparente” e democrático, com sessões de esclarecimento, com pareceres técnicos e estudos comparativos (que nos dizem que são públicos, mas ninguém conhece)…

É mesmo preciso que quem vai, afinal, assumir por décadas as consequências, boas ou más (em termos ambientais, de saúde, económicos) da opção que for tomada – a população de São Miguel e dos Açores! – tenha o direito de decidir. Para isso, é mesmo preciso PARAR o processo de adjudicação e construção da Central Incineradora, ESTUDAR a sério cenários e alternativas, INFORMAR e OUVIR a população.

Vai ser agora?