Bem-vindos(as) à Terra do Facho

Pronto, já cá chegamos. E não foram um, nem dois, mas sim cinco mil duzentos e sessenta açorianos que acolheram os ideais do Senhor do Facho. Muito se olhou às balbúrdias e algazarras do populismo pelas terras de Portugal Continental, mas tal como o SARS-CoV-2, que provoca a COVID-19, ele já cá chegou e em grandes números. Lamento, porém, não haver vacina que trate este mal, preferencialmente com efeito imediato.

A 25 de outubro constatou-se que a hegemonia de governação de 24 anos do Partido Socialista extinguiu-se, e que nenhuma coligação conseguiria evitar o percurso eventualmente percorrido. A negociata de José Manuel Bolieiro resultou numa aliança entre PSD, CDS-PP e PPM, com acordos de incidência parlamentar junto da Iniciativa Liberal e Chega. Anteriormente referi-me ao Senhor do Facho, não fosse ele o grande impulsionador da extrema-direita a nível nacional, não fosse ele curiosamente apelidado de “Querido Líder” na azáfama das redes sociais. Ele conseguiu o que poucos partidos conseguiram, colocando a autonomia açoriana em risco: a extrema-direita finalmente conseguiu uma posição de destaque em que vai influenciar, de uma forma ou de outra, a próxima legislatura regional dos Açores.

A nível nacional, o partido do Senhor do Facho gosta de causar ondas, não fosse já constante a atenção mediática que dispõe. Ainda recentemente fez questão de desmarcar algo que nem marcado estava e mesmo assim fez manchetes. Ainda me lembro da altura em que obrigar algúem a remover ovários era algo chocante. É assim, a pouco e pouco o português habitua-se a estar escandalizado, até que chega ao dia em que não está. Como será que vamos reagir quando chegar o dia em que teremos de pagar para termos um filho ou filha na escola primária ou no secundário? Como será quando tivermos uma queda ou doença e não conseguirmos pagar a conta do hospital? E os pobres como ficam? Morrem à míngua porque o parco valor de RSI que auferiam, foi-lhes retirado. É urgente acabar com a normalização da extrema-direita e de começarmos todos a ler com atenção os programas eleitorais do Senhor do Facho, não vá ele ser o próximo Presidente da República. É isso que está em risco para a conjuntura nacional e, em especial, para a região dos Açores.