A guerra dos preços

Os produtos de marca branca, surgem no mundo na década de 70, onde deram origem à 1ª geração de produtos “sem marca”. Em Portugal, estes produtos só surgem com maior consolidação na década de 80, onde, surge o slogan “é nacional é bom”. Quem não se lembra de ver e ouvir este slogan?

Na altura, os produtos de marca branca, causaram uma certa desconfiança na sua fiabilidade e qualidade, e isto por não serem marcas reconhecidas no mundo do marketing ou da propaganda publicitária que se ouvia nas rádios. Porém, mesmo que ficasse a desconfiança na respetiva qualidade dos produtos, na verdade, o preço económico era extremamente convidativo por ser relativamente entre 25 a 30 porcento mais barato do que os produtos de marcas reconhecidas.

Desde aquela altura que, os produtos de marca branca fazem parte do cabaz de compras dos portugueses, por permitirem uma poupança no seio familiar. Mas não só, é a primeira escolha quando observamos uma crise económica, onde os consumidores estão mais disponíveis para optar por uma solução que ofereça um melhor preço/qualidade, como é o caso dos produtos de marca branca.

Por exemplo, a crise económica de 2008 que teve início nos Estados Unidos da América, abalando toda a Europa, onde Portugal não ficou indiferente ao choque económico, os governos tiveram de reagir para minimizar os impactos negativos advindos do exterior. Os portugueses tiveram de enfrentar diversas dificuldades, e a opção imediata foi o corte substancial na alimentação e opções de escolha na aquisição de produtos mais económicos, onde, na maioria das vezes, a qualidade dos produtos não acompanha as necessidades nutritivas da população.

As grandes cadeias de distribuição na altura corriam mundo para ter nas prateleiras os produtos que os clientes inocentemente davam sinais de preferência, e isto era a procura a dar indicadores à oferta, porém o consumidor estava satisfeito e os comerciantes de igual modo vendo os seus lucros a aumentar dia após dia.

Porém, ora vejamos a diferença dos cenários, nos dias de hoje. São poucas. Os produtos de marca branca têm cada vez mais expressão nas vidas dos portugueses, e o que podemos ver?

Podemos assistir a um massivo aproveitamento dos distribuidores de produtos alimentares, e uma vez mais, estamos perante uma crise, agora com a causa na “guerra” e daqui a nada, (se não já imediata) uma crise económica, e isso, podemos depreender facilmente do cenário atual dos bancos pelo mundo fora.

Porém, recuando aos produtos de marca branca, que é onde cada vez mais pagamos valores superiores, pelos mesmos produtos, será que a qualidade aumentou? Ou será, que estamos a sofrer um ataque de absoluto e inequívoco aproveitamento por parte das grandes cadeias de distribuição de produtos alimentares?

Nos próximos meses teremos as medidas já propostas, provavelmente a ser implementadas por este governo, e será que já não vem tarde e serão estas as adequadas às necessidades do povo?

O governo fala em isenção do Imposto sobre os produtos de bens essenciais (IVA), será que irá resultar a favor dos consumidores ou será que estes valores serão direcionados para outras contas? O governo em vez de propor a fixação de limites de margens de comercialização sobre os produtos, preferiu a propaganda política, que neste momento é mais capitalizável e lucrativa, e é aqui caso para questionar, de que lado está o governo? Será que está no lado certo, ou nos dois lados ao mesmo tempo? Ou só do lado do lucro?

Em jeito de conclusão, penso que continuaremos a pagar dia após dia os produtos mais caros, isto porque os preços dos produtos que vamos buscar às prateleiras dos supermercados não representarão em nada as medidas apresentadas por este governo, ou seja, a execução destas medidas não se notará nos bolsos da grande maioria dos portugueses. E já diz o ditado “quem não se sente, não é filho de boa gente”.