Sou o indivíduo mais jovem presente nesta sala, sendo inevitável, portanto, falar sobre os jovens, por onde começo:
A rebeldia da juventude torna uma sociedade democrática autêntica ao nível da pluralidade, da tolerância e da honestidade. Esta altura da vida é aquela onde a realidade é encarada de forma veemente. Somos honestos e sinceros nas nossas opiniões e pretendemos expressá-las livremente. Somos verdadeiramente ideológicos. Não existe medo pela diferença. Mesmo apesar do mundo ao nosso redor se estar a pintar de ódio. Somos a esperança de uma sociedade melhor, mais igual, mais plural e justa. Jovens corresponde ao sinónimo de dinamismo e, consequentemente, de progresso. Temos, jovens, de nos fazer ouvir na sociedade e o Bloco de Esquerda dá-nos essa oportunidade!
A nível local é necessário valorizar os conselhos municipais da juventude e os conselhos locais da educação, por exemplo. Formas de inclusão dos jovens; formas de estabelecer pontes entre o meio escolar e a comunidade envolvente. Não nos podemos esquecer que a democracia começa nas escolas, sendo o ativismo estudantil de extrema relevância. É fulcral apoiar o movimento estudantil!
Tenho 16 anos e estou na lista para a comissão coordenadora regional do Bloco de Esquerda Açores. Existe mais algum partido que possua tamanha ousadia de fazer o mesmo e incluir jovens nos seus órgãos de decisão?
As juventudes partidárias não são partidos, sendo, apesar da autonomia, dependências destes. Pelo que percebo: o Bloco de Esquerda pretende ser um movimento uno e coeso, transversal a todas as faixas etárias ou outros fatores. O Bloco de Esquerda refuta marginalizar grupos de pessoas para outras estruturas que só servem para formar e fortalecer a politiquice: redes de interesses e amiguismos. Aqui estamos todos juntos, com os mesmos objetivos, até porque juntos somos mais fortes!
E é com esta frase que passo para as últimas eleições autárquicas, nas quais o Bloco de Esquerda de Santa Maria obteve um resultado histórico e, pela primeira vez, elegeu um deputado municipal. A partir daí as responsabilidades do Bloco nesta ilha elevaram-se. O Paulo Sanona, deputado municipal, para além da assembleia participa em mais nove comissões. Os documentos são-lhe somente enviados no prazo mínimo de dias antes da assembleia ou comissão. Mesmo assim, remando contra a corrente, o Bloco é presença constante na política local. Esmeramo-nos a exigir esclarecimentos para situações que causam o alarme da comunidade mariense, como são os casos da base de lançamento de satélites, bem como do asseguramento de condições de saúde dos trabalhadores em obras públicas. Esforçamo-nos a escrutinar os orçamentos e planos de forma a tornar a atividade camarária mais transparente. É necessário a partir de agora o Bloco de Esquerda de Santa Maria possuir uma maior divulgação, podemos dar por concluído o período de experimentação e habituação a este órgão. Nós estamos e vamos crescer em Santa Maria!
Estou confiante que conseguiremos muitos mais aderentes, jovens ou não. Conseguiremos consquistar uma maior parte do eleitorado. Conseguiremos eleger mais. Conseguiremos derrubar a maioria socialista! Mas tudo isto, só com o trabalho, esforço e dedicação próprios daqueles que lutam pelo que acreditam: nós, atuais bloquistas.
Permitam-me que descreva aquele que me parece ser o perfil de um bloquista: alguém que possui como ideologia a luta pela igualdade, justiça e solidariedade. Alguém que sabe que terá de trabalhar para alcançar os seus objetivos, por muito praticáveis que sejam. Alguém que vem para o Bloco sabe que não terá um assento no parlamento à sua espera, terá de batalhar racionalmente por ele, provar que pessoas com ideologia definida são mais coerentes e fiáveis do que aquelas que saltitam entre o centrão quanto mais jeito lhes dá para arranjarem um tacho.
Para concluir, e aproveitando a presença de um dos relevos maiores do Bloco de Esquerda, gostaria de lançar a sugestão de nas próximas eleições legislativas nacionais se porponha a inclusão de um círculo nacional, funcionando em conjunto com os já existentes, à semelhança do praticado no nosso arquipélago. Esta poderá ser uma forma de aumentar a pluralidade e respeitar quase integralmente os votos dos eleitores.
Termino, portanto, afirmando que a diferença pode ser feita e está a ser feita. Resta-nos, jovens, também nos juntarmos e fazermos por isso. O espaço político açoriano deverá contar com a presença de mais um movimento juvenil: os jovens do Bloco de Esquerda Açores, regidos pela ambição de estabelecer pontes e contribuir ativamente para se alcançar uma sociedade melhor.
Viva ao Bloco de Esquerda!
Viva à Zuraida Soares!
Viva aos jovens!
Viva aos Açores!
Viva, que ainda é hoje!"