O governo da coligação está a construir nos Açores “uma economia que se alimenta de baixos salários e pobreza” e que “torna mais difícil a vida da maioria das pessoas nos Açores”. No encerramento do debate, António Lima assinalou “o pacto tenebroso entre PSD, CDS, PPM e CH”, em que a discriminação de crianças no acesso à creche foi usada para garantir a aprovação do Orçamento.
Na sua intervenção final, o deputado do Bloco contou a história de “Maria” e “Carlos”, personagens ficcionadas que representam as dificuldades reais enfrentadas por muitos açorianos: o trabalho precário, os baixos salários, as desigualdades entre homens e mulheres e as desigualdades entre os que mais têm e os que menos têm, o aumento dos preços da habitação, a falta de acessibilidade nos transportes públicos, a falta de creches ou a degradação dos serviços públicos de Saúde e Educação.
“Estes problemas que descrevo nesta intervenção são problemas reais descritos por pessoas reais”, são “problemas da vida concreta das pessoas para os quais este orçamento não dá resposta”, afirmou António Lima.
O Bloco apresentou propostas para “uma política fiscal justa que peça mais a quem mais ganha mais e menos a quem ganha menos” para garantir que “há dinheiro para serviços públicos”.
O Bloco propõe, por isso, que os lucros maiores de 1,5M paguem mais, assim como os rendimentos dos dois escalões mais altos do IRS.
É com “salários justos e impostos justos que se trava o aumento das desigualdades e da pobreza”, por isso o Bloco também apresentou várias propostas para aumentar os rendimentos de quem trabalha e dos pensionistas.
António Lima considera que se a economia está a crescer – ainda que por conta do PRR, que vai acabar, “então, quem trabalha tem que ter direito a uma maior fatia dessa riqueza” através da melhoria dos serviços públicos, da melhoria das respostas sociais para as crianças e idosos e para garantir o acesso à habitação a preços acessíveis.
O líder parlamentar do Bloco acusa ainda o governo regional de estar a obedecer aos patrões ao anunciar privatizações de serviços públicos, como uma parte importante da SATA Air Açores, dos matadouros e da Lotaçor, neste último caso, uma decisão tomada nas costas dos trabalhadores, do conselho de administração e do próprio secretário regional do setor, segundo comunicado de um sindicato.
O Bloco defende “uma alternativa para uma Região mais justa e solidária, com uma economia qualificada” com destaque para o investimento na ciência e na tecnologia.