O Bloco de Esquerda considera que o atual governo regional está a seguir a mesma estratégia de “desvalorizar a contaminação de solos e aquíferos da ilha Terceira” ao ignorar este problema no Plano de Gestão da Região Hidrográfica aprovado hoje no parlamento. António Lima salientou que, ao nível dos recursos hídricos da Região o cenário é preocupante, particularmente com as grandes perdas de água no sistema de abastecimento (40%) e com a fraca cobertura de sistema de tratamento de águas residuais (44%).
No debate, hoje, no parlamento, sobre o Programa Regional da Água dos Açores e o Plano de Gestão da Região Hidrográfica dos Açores, o deputado do Bloco salientou que “nos milhares de páginas dos documentos em análise, relatórios técnicos e anexos, não há quaisquer referências ao problema da contaminação de solos e aquíferos da ilha Terceira”.
António Lima estranha que a lista das fontes de poluição acidental inclua os diversos sistemas de armazenagem de combustível privados, mas não constem os sistemas de armazenamento militares, ou seja “exatamente aqueles que contaminaram os solos e aquíferos da ilha Terceira, que o governo agora branqueia”.
“Como é que explica o Sr. secretário aos açorianos, e terceirenses em particular, que enquanto deputado tenha criticado o anterior plano por considerar que todas as massas de água subterrâneas da ilha Terceira estavam em Bom ou Excelente estado, quando o LNEC dizia o contrário? O que mudou desde então? Só mudou uma coisa, o CDS passou da oposição para o governo.”, disse António Lima.
“Como dissemos em 2017, se as autoridades regionais, os principais interessados e os principais prejudicados não assumem na sua legislação mais importante sobre a água o problema da contaminação, então porque irão as autoridades norte-americanas se preocupar?”, assinalou o deputado.
O Bloco de Esquerda está também preocupado com o estado atual da água na Região: “Cerca de 25% do número de massas de água superficiais encontra-se com estado ‘Medíocre’ e apenas 36% apresentam um estado Bom ou superior a Bom”.
O objetivo de atingir os 51,5% em 2025 e os 100% em 2030 é meritório, mas “a história recente diz-nos que tem pouca ou nenhuma credibilidade”, salientou.
António Lima considera ainda que é preciso fazer mais para proteger as lagoas de São Miguel que enfrentam problemas.
A Lagoa das Furnas continua com estado da água ‘Medíocre’, apesar de todas as medidas implementadas ao longo dos anos e da redução 36% de cabeças de gado, que não é suficiente.
Na Lagoa Azul das Sete Cidades houve um aumento de 200% no número de cabeças de gado, o que está claramente a colocar em causa a qualidade da água, cuja classificação já se degradou de ‘Bom’ para ‘Razoável’, contrariando os objetivos, e na Lagoa Verde das Sete Cidades há um aumento de 360% no número de cabeças de gado, e por isso “não é de estranhar” o seu estado ‘Medíocre’.
Ao nível das redes de abastecimento de água à população, António Lima salienta que há atualmente 40% de perdas de água no sistema e que apenas 44% da população seja servida por sistemas de tratamento de águas residuais, e aponta a inércia de muitos municípios: “Fazer obras de saneamento não dá votos e por isso ficam sempre para trás, mas é fundamental!”.