Governo está a enganar as pessoas em relação ao funcionamento da urgência do hospital modular em agosto

A abertura do serviço de urgência no hospital modular em agosto, sem a abertura dos serviços de imagiologia, bloco operatório e unidade de cuidados intensivos – que só abrirão em outubro – significa que não poderá ser dada resposta às situações mais graves.

Mais uma vez, o governo regional não está a ser transparente com os utentes em relação aos cuidados de saúde que terão nos próximos tempos.

Na prática, a única novidade avançada ontem pelo governo regional foi o adiamento da abertura do funcionamento pleno do hospital modular de agosto para outubro.

A 7 de junho, a secretária regional da Saúde garantiu que o hospital modular estaria em funcionamento até ao fim do mês de agosto. Um compromisso que foi reafirmado publicamente pelo presidente do governo no dia 18 de junho.

O Bloco de Esquerda manifesta, por isso, a sua estupefação com o anúncio feito ontem pelo governo regional de que, afinal, a abertura plena do hospital modular foi adiada para outubro.

“A nossa expectativa é, pois, que comecem a chegar contentores no final do mês de julho e que possamos ter a expectativa, que é uma preocupação e justa intenção de todos nós, de ter serviços a partir de agosto”, afirmou o presidente do governo à agência Lusa a 18 de junho.

O anúncio da abertura do serviço de urgência até final de agosto e dos restantes serviços - imagiologia, bloco operatório, unidade de cuidados intensivos – apenas em outubro significa que o serviço de urgência não poderá funcionar em pleno, uma vez que isso não é possível sem esses serviços de apoio que só entrarão em funcionamento em outubro.

É por isso cada vez mais difícil de perceber o racional da opção pela infraestrutura modular anunciada em detrimento da aposta na reabertura plena do HDES, quando mesmo o fator tempo já derrapou dois meses.

Infraestrutura modular essa que, sabemos agora, só irá funcionar em pleno em outubro, que custará 14 milhões de euros - a que acresce o valor dos equipamentos -, e que ainda assim terá uma capacidade muitíssimo inferior à do HDES e que só funcionará em pleno em outubro. Isso, se, entretanto, não houver mais adiantamentos.

Mantém-se também a ausência de explicações do governo regional sobre o que impede a reabertura em pleno dos serviços no edifício do HDES que ainda se encontram encerrados, nomeadamente sobre o que tem levado à alegada má qualidade do ar e concretamente quais são os parâmetros que têm falhado nas análises efetuadas.

A demora da retoma plena do HDES trará danos incalculáveis na saúde nos Açores e por isso era fundamental que todos os esforços e recursos do governo regional fossem alocados à reabertura de todos os serviços do HDES, o que claramente não está a acontecer.

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