O Bloco de Esquerda critica o facto de o Plano de Gestão Hidrográfica dos Açores não assumir claramente os problemas de contaminação dos aquíferos da Praia da Vitória provocados pela utilização militar da Base das Lajes pelos Estados Unidos da América, considerando que esta omissão poderá ser utilizada pela administração norte-americana como argumento para se excusar a cumprir as suas obrigações de monitorização e descontaminação.
Se a Região, que é a principal prejudicada e interessada, não assume que há um problema grave, as autoridades norte-americanas poderão utilizar este relatório como forma de justificar que está tudo bem, alertou o deputado Paulo Mendes.
O BE estranha que o documento hoje aprovado considere que “no caso da ilha Terceira não existem massas de água subterrâneas em risco”, e que “os aquíferos da ilha Terceira estão imaculados desde 2010, e que se prevê que assim continuem até 2027”. “Os aquíferos da Praia da Vitória estão poluídos, por isso mesmo se desenvolveram trabalhos de descontaminação”, salientou o deputado do BE.
O Plano de Gestão Hidrográfica dos Açores mereceu ainda críticas da deputada Zuraida Soares relativamente às previsões sobre a qualidade futura da água da lagoa das Furnas. O documento define o estado atual da qualidade da água como “medíocre”, e aponta 2021 para alcançar o estado “razoável”, e 2027 para o estado “bom”. Uma previsão que Zuraida Soares considera irrealista, uma vez que ainda existem 1500 cabeças de gado na bacia hidrográfica da lagoa das Furnas, que vão continuar a provocar poluição naquela zona.
“Vão lá continuar? Se vão, como é que o Governo prevê alcançar a qualidade da água em 2027?”, questionou a deputada.