Quem nunca teve ou tem animais de estimação? Um cão, um gato, uma ave ou até mesmo um pequeno mamífero roedor, entre outros. É longo o caminho a percorrer no que toca aos direitos e proteção destes nossos amigos, dignos de tanta estima. Em 2017 fez-se progresso a nível nacional com a aprovação do Novo Estatuto Jurídico dos Animais, com o apoio do Bloco de Esquerda, aliado inegável nesta causa.
Há 4 anos, os animais juridicamente, deixaram de ser coisas e passaram a seres “sencientes”, ou seja, dotados de sensibilidade. Roubar um animal alheio passou a ser crime, agredir ou maltratar um animal incorre na obrigação de uma indemnização e quem encontra um animal perdido e o devolve ao dono passa a ser indemnizado pelas despesas de tal ato.Com toda a seriedade, qual a importância destes seres? Qualquer dono de um animal de estimação rir-se-ia desta pergunta, pois a resposta é simples: o afeto. Numa sociedade turbulenta como a nossa, estamos cada vez mais distantes uns dos outros e, para algumas pessoas, os animais de estimação são uma forma de combater a solidão com afetos. Os animais de companhia conseguem tornar-nos ainda mais humanos, mesmo sem nos apercebermos.
Qualquer pessoa pode e deve considerar a opção de adotar um animal, especialmente sabendo que os canis estão sempre lotados, como é o caso do Canil Intermunicipal da Ilha Terceira, mas este não pode ser argumento para não se acabar com a prática do abate como método de controlo populacional, sendo que depois de muitos anos de luta, foi aprovada, por unanimidade, pelo Parlamento dos Açores, a proibição imediata do abate de animais de companhia e errantes em fevereiro de 2021. Importa frisar que adotar um animal é um ato de grande responsabilidade, assim como é um compromisso ao qual, depois, não se pode virar as costas, como muito acontece nos dias que correm. A quem cabe a responsabilidade de tomar conta de quem não tem lar? Autarquias! Atualmente a Ilha Terceira é servida por um Canil Intermunicipal, cuja resposta é altamente limitada e, por muitas vezes, não corresponde ao expectável na qualidade. Os exemplos são variados, desde animais que lá dão entrada e saída com chips sem registos, capturas de animais que são esterilizados e depois devolvidos a locais que não os de origem, assim como as adoções sem critérios que potenciam as altas taxas de devoluções dos animais, como se de objetos se tratassem.
As autarquias da Ilha Terceira devem investir mais na causa animal, seja na disponibilização de formações frequentes aos funcionários do Canil sobre o bem-estar animal, primeiros socorros, etc., seja ao atingir o objetivo de redução da sobrepopulação animal e ninhadas indesejadas. Uma autarquia consciente, é uma autarquia com visão de futuro, que sabe aquilo com que pode realmente contar. Chegou a hora das reivindicações, ora não fosse este o ano em que mais chovem mais obras eleitoralistas. Os munícipes devem reivindicar um Canil para cada município, que tenha as condições de conforto, alimentação, segurança, higiene e saúde dignas de um ser “senciente”. Ora imaginem só se os nossos animais de companhia conseguissem falar… será que estariam orgulhosos do foi alcançado na Ilha Terceira. Certamente não, especialmente depois uma visita a um Canil sobrelotado, em que os animais lutam pela sua sobrevivência.