Nestas últimas duas semanas, trouxe uns tópicos que me parecem pertinentes no seguimento das eleições europeias, que se realizarão dia 9 de junho. Hoje julgo concluir esta sequência.
Desde logo, é importante divulgar uma grande alteração na votação: dia 9, sem inscrição prévia, é possível votar em qualquer mesa de voto. Também vai estar disponível o voto antecipado em mobilidade a 2 de junho, nos moldes que já têm vindo a ser usados nas eleições dos últimos anos. [1]
Tal quando comecei esta sequência, julgo que é necessário vincar o debate sobre a Europa, sobre as instituições europeias, que é necessário ser feito de forma estrutural, radicalmente. A União Europeia, neste momento, pode ser perspetivada como uma oportunidade perdida de um projeto internacionalista. Um bloco europeu que se deve saber alargar, é uma chave importantíssima para conseguir lidar com grandes temáticas, que levam a crises, como as alterações climáticas, as migrações, inteligência artificial, a digitalização,… Não obstante, só faz sentido falarmos desta unidade, se tivermos em mente um modelo democrático: um Parlamento Europeu desburocratizado e com mais poder, em que as suas eleições sejam vistas como eleições transnacionais e com protagonistas de nível europeu, sendo a Comissão Europeia um resultado direto dessas eleições. É óbvio que a realidade é muito mais complicado do que aquela que eu posso fazer crer com estas pretensões virgula com tudo tento mostrar como está nas nossas mãos a possibilidade de mudança.
Algumas controvérsias colocaram as instituições europeias nas notícias, como o caso do Qatargate. É uma realidade que muitos eurodeputados auferem de rendimentos de outras atividades que desempenham. O POLITICO tem um artigo que analisa com rigor esta questão. São 185 os eurodeputados nessas condições e é curioso notar que só 4% são da Esquerda e os seus rendimentos correspondem a 0,2%, caso semelhante com os verdes. Ou seja, é curioso notar que esta questão parece-me funcionar como um espelho da ideologia. No meio disto, aquilo que nos importa é garantir que não existem conflitos de interesses. Felizmente, já algumas medidas foram adotadas [3].
Contudo, a necessidade de transparência afigura-se cada vez mais premente. Úrsula von der Leyen já afirmou a sua disponibilidade, enquanto spitzenkandidat, de diálogo com os Conservadores, que incluem partidos de extrema-direita como o de Meloni e o Vox. Tendo em conta as eleições mais recentes nos diversos países e as sondagens que vão saindo, é expectável um crescimento dos grupos parlamentares das direitas radicais e extremistas. Esta porta aberta é o fim das possibilidades de um verdadeiro projeto europeu. Nós estamos numa situação agradável [4].
Julgo ser importante evidenciar a demagogia desses projetos que se alicerçam no ódio, que não poupam insultos à «classe política», mas que faz quase 1 000 000€ noutras atividades [2] e tem uma escassa participação legislativa [5].
A minha esperança é que os jovens sejam um garante de progresso, olhando para quem por toda a Europa foi privado da sua Liberdade e não ouvindo quem prefere incendiar a construir.
[3] https://www.politico.eu/article/eu-meps-qatargate-transparency-assets-declaration/
[5] https://www.politico.eu/article/european-parliament-data-groups-far-right-green-deal-gender/