O Bloco de Esquerda/Açores realizou, no passado dia 11de Janeiro, a sua IV Convenção, na cidade de Ponta Delgada.
Foi uma jornada de trabalho bastante proveitosa e que me deu grande prazer. Mostrou um Bloco de Esquerda/Açores, a cada Convenção, mais conhecedor dos problemas, mais dinâmico nas respostas, mais ligado às necessidades concretas dos/as Açorianos/as e mais capaz de construir propostas para o desenvolvimento dos Açores e para melhorar a vida das suas populações.
A Convenção mostrou a sua forte preocupação com os ataques de que a Autonomia está a ser alvo. Denunciou as políticas europeias e o seu troikismo, como a inspiração para o Senhor Presidente da República, através do seu Representante, garrotear as nossas prerrogativas autonómicas. Acusou o Governo da República do constante corte de verbas e da diminuição, na Região, de serviços dependentes do poder central, como sejam os tribunais, repartições de finanças ou a RTP/Açores.
A Convenção apontou, ainda, como responsável pela autêntica situação de emergência social que se vive, na nossa Região, a política troikista imposta pela União Europeia e traduzida, pelo governo da República, em autênticas ondas de austeridade sobre o povo, assim somando pobreza à pobreza.
Denunciou, de forma firme, a campanha de propaganda a que, na última semana, temos assistido, ou seja, como no dia 17 e Maio, com o fim do Memorando, a vida vai melhorar.
Tamanha mentira foi denunciada, na Convenção, pois a Troika sai pela janela mas entra pela porta.
Com a aprovação pelo PS, PSD e CDS do Tratado Orçamental (que obriga a um défice de 0,5% e a uma dívida, no máximo, de 60% do PIB), todos/as sabemos que ficaremos, anos a fio, sob alçada da Troika, embora dispensados das suas visitas...
Como no passado, os três Partidos uniram-se para salvar a banca e destruir o país, prosseguindo, afinal, o mesmo caminho.
A dívida está, hoje, a cerca de 13O% do PIB, tornou-se impagável e, ao invés da sua reestruturação (como defende o Bloco de Esquerda), estes partidos, sob a batuta da finança internacional, continuam a extorquir, todos os anos, cerca de 8 mil milhões de euros do Orçamento para pagarem a estes senhores.
Mas, como denunciou a Convenção, este caminho de uma Europa dominada pelas grandes economias, em sintonia com a grande finança, não serve, nem os interesses do país, nem dos/as portugueses/as e, por maioria de razão, dos/as Açorianos/as.
E se este caminho é errado, também nada ajuda (concretamente, aos Açores) que os dois eurodeputados da Região votem, no Parlamento Europeu, os cortes dos fundos estruturais, caso a Tratado Orçamental não seja cumprido, no nosso país.
Como a Convenção denunciou, este caminho de permanente vénia aos poderosos está a matar o nosso país e quem nele vive. Por isso, assumimos uma política alternativa. Desde logo, nos Açores, apresentando propostas concretas de desenvolvimento, a partir das nossas condições endógenas, as quais fariam (farão) muito mais por nós do que a conversa do costume.
Nomeadamente: o Instituto Público de carácter internacional, com base no DOP; a utilização comercial para a Base das Lajes; a substituição das incineradoras por sistemas amigos do ambiente e do emprego.
Assumimos, nesta Convenção, que temos um caminho alternativo para os Açores, assim como para o país.