Estamos a três dias das eleições para o Parlamento Europeu, numa altura em que pesam sombras negras sobre o nosso futuro colectivo.
Como sabemos, a Troika permanece, por cá mas, agora, chama-se Tratado Orçamental. A dívida, em nome da qual se lançaram incontáveis pessoas no desemprego, se empobreceram as famílias, se condenaram mais de 200.000 pessoas à emigração e se semeou o sofrimento, em tantos lares, afinal, aumentou (em três anos) mais de 30%.
Tudo isto, enquanto as maiores fortunas cresceram, no país. Mas, ao povo trabalhador, a sentença já foi lida: continuar a pagar os juros de uma dívida impagável, os quais, este ano, atingem a soma astronómica de 8 mil milhões de euros, para os agiotas da banca.
Afinal, a Troika não saiu. Apenas mudou de figurino…
Dar continuidade a esta política é votar PSD e CDS .
A alternativa é votar, numa política, que defenda a reestruturação da dívida para níveis de 60% do PIB e que dê a palavra ao povo para dizer um rotundo ‘NÃO!’ ao Tratado Orçamental, para que, com esse dinheiro, se possa desenvolver o país, combater o desemprego e a emigração, repor o que foi roubado a quem trabalha.
Esse é o voto no Bloco de Esquerda. Há três anos, estavamos isolados, na defesa da reestruturação da dívida; hoje, acompanham-nos pessoas tão díspares, como João Cravinho e Bagão Félix. A não ser que estes também sejam “caloteiros” e “pouco honrados”… ou, simplesmente, recusam-se a negar o óbvio.
Mas, como sempre, aí está o PS para baralhar! Primeiro, assina o Memorando de Entendimento, a seguir, defende o Tratado Orçamental, depois, diz que não diminui impostos, que a dívida é para pagar e que os cortes, nos salários e pensões, são para manter. Mas, corrijam-me se estiver enganada: não é, exactamente, isto que Passos, Portas e Merkel defendem?
O PS diz que não, que é diferente, que é mesmo alternativa. Diz, até, que é mudança. Mas onde?! Mais uma vez, quando a direita está fraca, lá aparece o PS a manobrar, por forma a captar o descontentamento popular. E para quê? Para prosseguir a mesma política! A palavra do PS é malabarismo e ilusão, impedindo que se faça uma política de esquerda, a sério, para não defraudar os grandes interesses económicos que utilizam o PS, quando PSD e CDS estão desmascarados.
E a propósito da palavra do PS, basta referir, no caso dos Açores, a famigerada manobra com a Remuneração Complementar, onde deu com uma mão aquilo que foi tirando com as duas.
Confrontado, pelas oposições e pelos trabalhadores (quando, na prática, ficou clara esta malandrice rasteira), passou a nova e desastrada trapalhada.
Primeiro, tudo tinha sido pensado porque o PS/A queria reduzir as horas extrordinárias ao mínimo dos mínimos, colocando, assim, mais trabalhadores/as, em funções publicas.
Um mês depois desta manobra, dá o dito por não dito, e as horas extrordinárias não serão descontadas, na remuneração. Muito bem. Mas, agora, o BE/A exige conhecer os resultados do estudo, pronto no dia 17 de Abril, sobre o número de trabalhadores/as que vão ter emprego público.
A esperteza saloia, para iludir, irmana o PS Açores e o PS nacional. Ir atrás dela, é cair numa perigosa esparrela.
O caminho é dar força à esquerda, não às trapalhadas do PS.