Pensei dedicar este artigo ao vergonhoso ataque à democracia que o PS/A, coadjuvado pelo PCP/A, perpetraram, no nosso Parlamento, a pretexto do ‘diploma dos professores’, como é comummente chamado. Pesadelo agravado com a inusitada governamentalização do Parlamento, pelo Governo Regional mas, como tudo indica que esta vergonha vai continuar, com novos episódios, comentá-la-ei em próxima oportunidade.
Assim, opto por comentar a, igualmente, revoltante actuação do CDS e do PSD, no passado fim de semana.
Perante as orientações do FMI e Comissão Europeia de que é preciso baixar, ainda mais, os salários dos/as trabalhadores/as, assistimos, de imediato, a um Paulo Portas a afirmar, em todos os órgãos de comunicação social, que “nem pensar!”. .
Tentando, hipocritamente, fazer passar para todo o povo que estava a opor-se a esta exigência vinda de fora – defendendo, portanto, os trabalhadores portugueses, -, tamanha mentira e falta de vergonha fez-me lembrar uma conversa que tive, há pouco tempo, com um jovem engenheiro meu amigo, trabalhador numa empresa do continente.
Dizia-me ele que, há cerca de dois anos e meio, foi contratado por uma empresa, com contrato sem termo, por 1.500 euros/mês e outros benefícios, como telemóvel e seguro de saúde. Há cerca de três meses, a mesma empresa, para o mesmo trabalho, contratou 2 engenheiros, com contrato de seis meses, a 700 euros/mês!
A fila do desemprego é a principal causa da baixa de salários, no sector privado. É, pois, desmesurada a mentira de Paulo Portas e, tão mais desmesurada, quando o seu ministro Mota Soares quer impor, na concertação social e neste preciso momento, que os despedimentos por justa causa sejam legais, colocando, para tal, todos os critérios, nas mãos do empregador.
Despedimentos mais fáceis implicam, a montante, mais medo e mais pressão sobre o salário do/ trabalhador/a.
Paulo Portas diz uma coisa e faz, por ‘portas e travessas’, precisamente o contrário, ou seja, o que mandam aqueles que ele, em público, parece enfrentar.
Mas o seu colega de coligação, Passos Coelho, não lhe fica atrás. Passa o fim de semana a proclamar que o País está melhor mas, logo a seguir, avisa que a ‘pancada, sobre os portugueses que trabalham ou são reformados, vai continuar e ainda tem o despudor de antecipar que as próximas ‘pancadas‘ ainda vão doer mais…
Tanta mentira, encenação e arrogância, contra quem trabalha, tem de ser varrida!
Mas este desastroso fim de semana não iria acabar sem mais uma vergonha - e esta com origem no PSD/Açores.
Levou o PSD/A, ao Congresso do seu Partido, uma Moção que defendia a reposição do diferencial fiscal, nos Açores. Até aqui, tudo bem. Mas, logo de seguida, acrescentava “(…)logo que seja possível…“.
Ora bolas! Com este PSD/Açores está a Autonomia bem aviada! Desloca-se tão formosa delegação do Arquipélago, logo à partida, com a espinha vergada, pedindo clemência…quando for possível, que é como quem diz, daqui a 20, 30, 40 anos ou talvez nunca.
A única posição decente era a afirmação dos nossos direitos, mesmo que a pretensão fosse chumbada.
Cá para mim, a Autonomia dispensa defensores desta estirpe…