Paridade nas listas de candidatos às eleições legislativas dos Açores - Zuraida Soares

 

A luta pela igualdade de oportunidades e pela igualdade de direitos entre géneros é uma luta de séculos.

Em Portugal, só com o advento da Democracia, após a revolução de 25 de Abril de 1974, foi inscrito, em letra de forma, a igualdade de direitos e de deveres, entre homens e mulheres.

Mas, como a vida mostrou e mostra todos os dias, a igualdade, na lei, não foi e continua a não ser sinónimo de igualdade plenamente concretizada.

O avanço legislativo, não sendo condição suficiente para atacar tão magno problema foi, no entanto, condição necessária para estribar esta luta ancestral.

Na dialéctica deste processo, o peso da tradição negativa da cultura patriarcal - apesar de todos os reveses que têm sofrido -, mantém uma força poderosa, na infra-estrutura do pensamento colectivo da nossa sociedade actual.

É, pois, a luta pela igualdade - na vida e não só na lei -,  um processo demorado, difícil e contraditório, o qual exige persistência e ousadia.

É, neste contexto, que a Lei da Paridade, aprovada na Assembleia da República, em 2006, não é uma lei contra ninguém, nem humilhante para alguém; é, tão só, um pequeno passo, que visa acelerar processos, mesmo por pouco que seja, nesta caminhada de aprofundamento da Democracia e de ganhos civilizacionais.

Nos Açores, apesar de todas as vicissitudes, também este caminho tem vindo a ser trilhado, nomeadamente, na representação política. O lento mas seguro crescimento de deputadas, nesta Casa -  a que temos vindo a assistir, ao longo dos anos -, é sinal dessa evolução e, também, a prova de que os Partidos políticos sentem o pulsar desta evolução e traduzem isso mesmo, nas suas listas de candidatura à assembleia Legislativa dos Açores.

O Bloco de Esquerda, ao tomar esta iniciativa, visou, não só dar o seu contributo para estimular a evolução positiva, que a nossa Região tem empreendido, nesta matéria - e foi esse  o nosso propósito determinante -, como também visou, com esta iniciativa, dar nota à sociedade (no seu todo) de que os Açores pugnam por esta caminhada civilizacional.

Hoje, aqui e agora, já não estamos a discutir a iniciativa do Bloco de Esquerda. Hoje, vamos aprovar um diploma que é da quase totalidade dos partidos representados neste Parlamento.

Como mulher - e pensando, sobretudo, nelas – considero que este é um momento feliz para esta Casa e, permitam-me a confissão,  para mim,  particularmente.

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