Monumento à hipocrisia

 

Chegou ao fim o ano parlamentar. Cabe a todos/as os/as Açorianos/as o balanço do comportamento de cada força política e da sua fidelidade às promessas eleitorais de Outubro passado.

Uma certeza temos, porém: o Partido Socialista faltou à palavra dada aos/às eleitores/as.

Não falo de uma obra, aqui ou ali. Falo da promessa que Vasco Cordeiro avançou, como ponto central da sua campanha: - ser, no quadro das prerrogativas autonómicas, uma barreira à política de austeridade do Governo PSD/CDS.

O Governo do Partido Socialista falhou, em toda a linha. Desde logo, tal como Vitor Gaspar, confiscou o subsídio de férias de 2013, só reposto pelo Tribunal Constitucional. No Orçamento, foi incapaz (tal como o BE propôs) de implementar medidas urgentes de reabilitação urbana pública e privada, para atacar o desemprego.

Negou o aumento do complemento regional de pensão (“cheque pequenino”), em 15 euros, para as pensões mais baixas. Estamos a falar de cerca de 6 a 7 milhões de euros, por ano. Só a derrapagem de custos, na obra da escola de Ponta Garça, foi superior  a esta verba...

O PS fala, fala, mas está de alma e coração com a troika e tem medo de afrontar o poder central, assumindo a Autonomia de forma plena.

Por isso, chumbou a proposta de adaptação do Código de Trabalho à Região, que não era, nem mais, nem menos, do que a Lei do Governo de Sócrates. Sendo má, era menos má do que a actual.

É isto, pois, o Partido Socialista.

Mas o  monumento de hipocrisia política é-nos oferecido, por este PS, com o salário mínimo. Numa Região que tem o salário médio privado mais baixo (em cerca de 90 euros/mês) do que o continente,  o PS tem a ousadia de chumbar uma proposta do Bloco de Esquerda de aumento do salário mínimo regional, em 10 euros, com a desculpa da perca de competividade das empresas açorianas.

Contudo, na mesma sessão legislativa em que faz esta triste figura, aprova uma proposta de aumento do salário mínimo nacional para 500 euros – aumento de 15€.

Tamanha desfaçatez e falta de vergonha merece, de facto, um monumento.

A vida desgraçada imposta a quem trabalha e vive das pensões exige coragem política, na defesa destes sectores da população, para pôr fim aos memorandos.

Mas com o PS não se pode contar.