Partido Socialista = 112 do Governo

 

No momento em que escrevo esta pequena crónica, desconheço a decisão do Senhor Presidente da República, perante o ‘não acordo’, entre os três partidos da troika.

Sabemos que Cavaco Silva é um apoiante activo da política seguida pelo Governo PSD/CDS, que lançou o povo na miséria, impondo-lhe uma extorsão brutal, para alimentar o capital financeiro português e europeu, através dos juros da dívida, das privatizações de empresas rentáveis e estratégicas, do ataque aos serviços públicos, a par da asiatização das condições laborais.

Sabemos que os três pilares avançados pelo Presidente, para a discussão do acordo, apontavam para o prosseguimento da política da troika.

E, portanto, nada disto augura algo de bom.

Uma coisa é certa: Cavaco Silva, com a manobra do acordo dos partidos da troika, ao longo de uma semana de negociações - com uma mega cobertura mediática -, conseguiu que a penumbra caísse sobre o moribundo governo PSD/CDS.

É bom lembrar que Vitor Gaspar se demitiu, assumindo que a sua política era errada e não tinha futuro. É bom lembrar que Portas, perante a deserção de Gaspar, quis ‘pôr-se ao fresco’ e só a pressão da Banca o impediu. O Governo entrou em agonia mas foi salvo pelo Presidente, com a colaboração activa do Partido Socialista.

Perante o esboroar do Governo PSD/CDS, que era confrontado com uma imensa vontade popular de eleições, o Partido Socialista, ao aceitar a proposta do Presidente, não só se desdisse, como (mais grave ainda) deu a mão ao Governo.

Só uma posição era digna: rejeitar a manobra de Cavaco Silva e continuar a defender aquilo que, no dia anterior, era a única saída e servia de facto o povo - a marcação imediata de eleições.

Como é hábito, o Partido Socialista foi em socorro do Governo, porque as ordens da Merkel, do Bundesbank, da Comissão Europeia - em suma, os interesses do capital financeiro - falaram mais alto e lá vai o PS, com voz grossa, fazer o frete à direita, no jogo de Cavaco.

O certo é que, tal como há quinze dias, é urgente parar este caminho troikista.

Eleições, já! É a única via decente.