No passado Sábado, um ser humano, vítima de acidente grave, morreu, na ilha de S. Jorge. A eventual sobrevivência deste ser humano dependia de assistência hospitalar qualificada e esta só era possível, com uma evacuação rápida de S. Jorge para um hospital.
Não foi possível realizar esta evacuação, por falta de meios: o único helicóptero disponível, com tripulação, estava a efectuar uma missão de salvamento a 980 Km da ilha Terceira e não havia condições para aterrar um avião em S. Jorge, à noite. Assim reza o Comunicado da Força Aérea.
A primeira pergunta que me ocorreu, perante tão brutal notícia, foi: - E se o ser humano, em causa, fosse um alto dignatário do Estado, ou um ilustre elemento da Finança, será que o resultado teria sido o mesmo?
Mas este ser humano que morreu por falta de assistência médica adequada, para o Sr. Ministro da Defesa, é um mero cidadão que morreu, sem qualquer relevância e o melhor que teve a dizer é que lamenta a sua morte, mas a culpa não é do seu ministério, do seu Governo ou da política do seu Governo. Ao invés, o Sr. Ministro apressou-se a mandar as culpas para o vizinho do lado, neste caso, para o Governo Regional
Esta atitude é absolutamente INDECENTE!.
A primeira coisa que se exige a um ministro é respeito por todos/as os/as cidadãos/ãs. E a segunda é responsabilidade.
Esta morte (até prova em contrário) deveu-se ao facto do sector tutelado pelo Sr. Ministro não ter os meios adequados para dar resposta a situações, como a que aconteceu em S. Jorge.
Só este facto devia merecer do Sr. Ministro mais contenção verbal e dupla contenção, nas politiquices esteréis.
É este ministro que, em entrevista a um canal de TV, assume que não tem comandantes que cheguem para pilotar aeronaves, pois eles saíram da Força Aérea. E é, também, o mesmo ministro que garante, na entrevista referida, que as missões militares, no estrangeiro, não estão, nem nunca estiveram em causa.
Quer isto dizer que, para acções militares - como no Iraque, Afeganistão, Balcãs ou outras que a NATO ou a Administração Norte-Americana decidam -, há dinheiro e há todo o tipo de recursos. Mas, para ter mais do que uma equipa, nos Açores, não há dinheiro, nem meios. As prioridades do Sr. Ministro e do seu Governo estão à vista…
No nosso país, nunca se falou tanto em Mar, como actualmente. Aliás, desde o Presidente da República, até qualquer Secretário de Estado, todos gabam os seus recursos e potencialidades económicas. Há, até, um governante que estimou, em 60.000 milhões de euros/ano, o potencial económico dos nossos fundos marinhos (terá sido delírio?).
Seja como for, 2/3 desse potencial devem-se aos Açores e à sua localização. Mas o triste acontecimento de S. Jorge mostra bem a forma como o actual Governo da República olha para os Açores e a consideração que lhe dedica.
Apoio a decisão do Senhor Presidente do Governo Regional, em mandar fazer um Inquérito a tão grave acontecimento e espero que não seja mais um para ficar na gaveta. Estranho, contudo, que ainda não seja conhecida a Comissão de Inquérito, o âmbito da sua acção e o seu prazo.
É que, para além do Inquérito, é preciso que os/as Açorianos/as, para sua confiança, segurança e tranquilidade - em particular, os/as que que vivem, em ilhas sem hospital -, saibam quais são os meios que têm e qual o grau de confiança que, neles, podem depositar. A Vida não pode estar presa por um…helicóptero!