O Atletismo, é um desporto de muitos detalhes.
Nós, atletas, ganhamos força fazendo com que lesões apareçam, certos movimentos descompensados sobrecarregam um determinado grupo muscular.
Nas minhas provas 5 km, 10km, meias-maratonas, tenho que levar o meu corpo ao limite, o qual é também propício ao aparecimento de lesões, essas, que muitas vezes e com o avançar da idade tendem a aparecer e a permanecer.
O prazer de desafiar-me e ao meu próprio corpo, em busca de superações que me trazem benefícios físicos e psíquicos, foi uma das razões pelas quais me envolvi neste desporto, pois com o melhoramento da condição física incrementa-se, entre outros, a auto confiança.
O facto de conseguir melhorar a cada dia alicia, dá ânimo, uma vontade de aprender mais, colocando as dificuldades em segundo plano.
Neste momento, o desporto é um apêndice da minha vida. Faz parte, sinto e respiro os desafios.
A prática do desporto, nas diferentes camadas, não tem a adesão desejada. Existem diversas razões para tal, mas sem dúvida que o facto de não serem oferecidas as condições necessárias para essa prática deverá ser um indicador a ter em conta.
Não pude deixar de refletir neste caso quando me apercebi de uma proposta, promessa eleitoral, que embora não se refira ao concelho da Praia da Vitória, acaba por dizer respeito a toda a ilha Terceira, de cobrir a praça de touros, de Angra do Heroísmo.
Por que razão não se aposta numa pista de atletismo coberta para a prática desta modalidade, no inverno? Por que não apostar em condições favoráveis aos atletas que elevam o nome da ilha e, por consequência, da região autónoma dos Açores.
É pela quantidade e qualidade das promessas eleitorais que, muitas vezes, se percebem as reais preocupações dos que, eventualmente, poderão estar à frente do destino de verbas públicas.
Seria muito agradável para todos a existência de uma pista coberta, e quando digo pista coberta não me estou a referir a uma pista de grandes dimensões e muito menos a uma pista do tamanho de uma arena, mas sim uma pista que nos permitisse treinar todos os dias e não apenas uma semana ou duas por ano, e ao mesmo tempo que cativasse as pessoas para esta fantástica modalidade, que muitas vezes é colocada de parte.
O atletismo não é só correr, existe um todo trabalho técnico muito exigente, e na maioria das vezes esse trabalho é realizado debaixo de chuva, com dias de inverno muito rigorosos. Ninguém quer ver o seu filho a treinar debaixo de chuva!
Poderá entender-se a vida de atleta como sendo ingrata. Trabalha-se muito ao longo do ano, mas o que fica é a nossa melhor prova ou vitória, que nem sempre conseguimos alcançar.
Como tal, é frequente as pessoas terem atenção somente na competição, pois é nessa hora que colocamos em prática todo o nosso treino.
O atleta sabe que a competição é o objetivo principal, porém, o foco é no crescimento individual, e isso é constante, é dia-a-dia. Está aí a motivação do combatente - adjetivo de atleta.
O atletismo por mais que pareça solitário não o é. Diria que é mais coletivo do que desportos compostos por equipas, pois no atletismo temos os treinadores, que se não tivermos um bom resultado eles também se sentem perdedores, temos os nossos adversários, que se não estivermos no nosso melhor, também se sentem a competir sozinhos, e temos os nossos pensamentos que nos acompanham sempre.
É na hora do treino que consigo fazer uma reflexão do dia, das minhas preocupações e alegrias.
É na hora do treino, que muitos julgam solitário, que penso, sim vale a pena o esforço!
E para quem me lê, fica o desafio de traçarem um paralelismo entre a vida de atleta e a do mundo da política…é mais fácil do que aquilo que se possa pensar.