Todos nós, de uma forma ou outra, sonhamos. Uns sonham com os olhos fechados, outros com os olhos abertos e outros, ainda, de ambas as maneiras.
Então, deixem-me que vos conte uma breve passagem de um sonho recente. Não sei se, eventualmente, me posso referir a este como um sonho enevoado pelas características próximas de um pesadelo.
Começo por dizer, aquilo que ao acordar, compreendi. Estava nos Açores pela primeira vez. Estávamos. Eramos uma família grande. Eu, marido e 3 filhos menores. 3, 5, e 7 anos, respetivamente.
Aproveitando a promoção do pacote familiar, que nos havia sido informado na agência de viagens, optamos por aterrar em São Miguel e fazer um cruzeiro, pelas restantes ilhas. Pelo menos, aquelas que eram mais próximas e para as quais havia viagens com mais regularidade.
Assim foi, embarcados em Ponta Delgada, São Miguel, destino: Praia da Vitória, Terceira.
Ao fim de algum tempo de viagem, as crianças começaram a acusar algum cansaço. Nós também. É normal. Crianças exaustas, deitadas nos sofás do barco que nos permitia a travessia, a ponte entre São Miguel e restantes ilhas.
Ao longe começou a vislumbrar-se a costa da ilha Terceira e confesso que me sentia vencida pelo cansaço. Olhava para esta família exausta e só pensava no descanso merecido.
Crianças, embora sonolentas, acordadas, malas e mochilas no chão, nós, a família no terminal. Não conhecemos ninguém, não temos qualquer tipo de ligação. Somos turistas e estamos no terminal do porto da Praia da Vitória, em pleno fim de tarde para conhecer a ilha.
Não bastando a fome que se sente, o cansaço das crianças e a fadiga da viagem, deparámo-nos com a distância para o centro da cidade da Praia da vitória e a falta de transportes para efetuar esse percurso.
Relembremos: um casal, 3 crianças, viagem entre Ponta Delgada e Praia da Vitória, sem elos de ligação, exaustão e…falta de transporte.
Caro leitor, este sonho, no que a mim diz respeito, é ficção. Sou terceirense, não sou casada, não tenho filhos e tenho elos de ligação. Mas pensemos nos turistas que, sem qualquer tipo de conhecimentos reais, desembarcam neste porto e têm de fazer o percurso terminal – cento da cidade (Praia da Vitória), com malas e mochilas, a pé. É longe, é desconfortante, e com uma péssima imagem de chegada!
Situações como esta são recorrentes. Por isso e por apostar na Praia da Vitória como uma cidade acolhedora, desde o primeiro momento, defendo uma rede de transportes coletivos no sentido de fazerem esse percurso. Percurso esse, que nem sempre é fácil de se fazer, e muito menos, para quem é desconhecedor desta terra e do que ela tem para nos oferecer.
Os turistas merecem. Os açorianos merecem. A Praia da Vitória merece!