A competição sempre existiu nas sociedades humanas, entre indivíduos, famílias, cidades, nações. Se por vezes a competição pode até ser considerada benigna, o facto é que esta gera conflitos de vários graus que podem escalar em violência, quer seja entre indivíduos ou entre grupos de indivíduos, sendo a guerra a forma mais extrema de competição. Se a humanidade apenas competisse, há muito se teria auto-destruído. Foi e é a cooperação a todos os níveis que impediu e impede o ser humano de implodir e de desaparecer.
As sociedades capitalistas encontraram na competição (ou concorrência) entre empresas uma forma de tentar impedir a criação de monopólios. Recentemente, fomentaram a competição entre trabalhadores (do sector público e privado e entre empresas) para manter a classe desunida. Para aprofundar esse objectivo, o capitalismo, levou a competição entre trabalhadores ao extremo, fazendo com que estes se digladiem mesmo no interior das organização para as quais trabalham.
Esta competição interna, embora já existisse anteriormente, adquiriu especial relevância com o aparecimento das avaliações de desempenho que são comuns nas grandes organizações e que começam a ter um peso que irá tornar a vida nas empresas uma competição total: com outras empresas concorrentes, com os colegas, com os superiores hierárquicos. A avaliação de desempenho, com o seu carácter potencialmente arbitrário e injusto, pode definir aumentos salariais, e agora, com o patrocínio do governo PSD/CDS, será o 1º critério para o despedimento por extinção do posto de trabalho.
A "cooperação" é imposta pelas normas e procedimentos internos e não pela natural cooperação entre indivíduos que trabalham com vista a um mesmo fim. A cooperação é colocada em plano secundário, pois o interesse individual do aumento salarial e manutenção do posto de trabalho sobrepõe-se à cooperação. Os eventuais prejuízos para a empresa derivados da competição interna serão compensados pela desunião dos trabalhadores, tornando-os fáceis de controlar individualmente, escancarando a porta para todos os abusos de direitos sem que haja uma reação colectiva que trave a exploração.
Dividir para reinar é mais uma vez a óbvia táctica do capital e do governo PSD/CDS, que o serve. O primeiro passo para condenar essa táctica ao falhanço é a consciência da sua utilização. É tempo de lutar contra ela onde quer que estejamos e onde seja aplicada. É tempo de a sabotar, é tempo de união.