O mês de Março de 2010 será recordado pelos Faialenses como uma data de má memória para a sua ilha. Concretizou-se a deslocalização da indústria conserveira COFACO e consumou-se o encerramento da Radionaval da Horta.
O Faial protestou, mas fê-lo com a lisura de quem entende que, ao esgrimir argumentos válidos e compreensíveis, a sua contestação será atendida. Porém, assim não o entendeu o Governo da República.
Continuaram a falar mais alto os interesses dos grupos económicos, no caso da COFACO. Continuaram as políticas que não estancam o esvaziamento económico e demográfico de várias ilhas, provocando o aumento de assimetrias e a sua consequente desertificação, como revela o recente estudo que aponta para a progressiva diminuição populacional em oito ilhas .
A decisão do Governo da República, de deslocalizar a parte operacional da Radionaval, da ilha do Faial, consumada a 7 de Janeiro de 2013, acentua esta política de desertificação.
Nenhuma razão técnica obrigava a esta deslocalização. A única razão imposta foi a economicista, condicionada pelas restrições financeiras do governo da República à Marinha.
Esta lógica economicista não olha para a necessária coesão do território, não olha para as pessoas e mesmo, do ponto de vista económico, é deveras discutível o seu acerto.
Para o Faial e suas gentes, foi mais uma perda para a já frágil economia da ilha. Acentua o sentimento de abandono e mesmo de tristeza, pelo encerramento de uma instituição a que a população tinha uma ligação afetiva.
O Bloco de Esquerda/Açores não subscreve esta decisão, por lesiva dos interesses da ilha do Faial, da sua população e da sua economia.
Assim sendo, aRepresentação Parlamentar do Bloco de Esquerda/Açores propõe que a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores manifeste o mais veemente protesto pela deslocalização da parte operacional da Radionaval.
Do presente voto deverá ser dado conhecimento ao Presidente da República, à Assembleia da República, ao Sr. Primeiro Ministro, ao Sr. Ministro da Defesa, e à Câmara Municipal da Horta.