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Mais saúde! Menos tabus

O Bloco de Esquerda conseguiu fazer aprovar uma iniciativa que fará a diferença na vida da mulher e sua família. Foi dado um passo importantíssimo para enriquecer o Sistema Regional de Saúde, na resposta a dar a jovens e mulheres. Desconstruir tabus e falar-se do que constitui mais saúde.

Quantas vezes uma mulher já ouviu dizer que é “normal” ter dores menstruais intensas? Esta é uma questão que merece a reflexão de todas e todos nós, tanto na comunidade que estamos inseridos, bem como na sociedade em geral.

A endometriose é uma doença crónica, real, que se caracteriza por dores intensas, incapacitantes, e que, enquanto, não diagnosticada origina constrangimentos na vida intima, pessoal, social e laboral da mulher e suas famílias.

Para além de todos os constrangimentos mencionados poderá ter como resultado a infertilidade, algo que causa sofrimento, despesas monetárias a muitos casais que se vêem obrigados a recorrer a clínicas privadas na tentativa de concretização de serem pais biológicos de uma criança.

Dados reais apontam para que entre as primeiras queixas e o diagnóstico da doença distem 8 a 10 anos em média. Durante este tempo, estas mulheres vêem-se obrigadas a recorrer a inúmeros profissionais de saúde, realizam exames inconclusivos repetidamente, sendo eventualmente não diagnosticadas ou, em alguns casos, diagnosticadas com outras patologias. Neste interregno, as mulheres e casais despendem recursos económicos pessoais e do Estado, à medida que vêem a sua qualidade de vida comprometida e sem solução aparente e à medida que a doença continua a progredir. 

De forma a alertar para estas situações, o BE fez aprovar, por unanimidade, uma iniciativa que levará à  divulgação de informação sobre endometriose nas unidades do Serviço Regional de Saúde; a inclusão da endometriose no Plano Regional de Saúde; a adoção de medidas, sejam informativas e de sensibilização, sejam de acesso a consultas e meios complementares de diagnóstico, que garantam um diagnóstico precoce da endometriose; a promoção, junto da comunidade escolar, de ações de informação e consciencialização sobre esta doença e os seus sintomas e sobre o que fazer e onde se dirigir no caso de presença de sintomas compatíveis com esta patologia. 

Há que alertar para o facto de que a dor intensa menstrual não é normal. Há que fazer a promoção de saúde junto da comunidade escolar, desconstruindo tabus e preconceitos que tantas e tantas vezes prejudicam fortemente a vida de milhares de mulheres.

Lamento que aquando da explanação acerca desta patologia tenha surgido da parte de alguns senhores deputados, desconforto com a palavra menstruação, algo tão natural. 

Estas posturas revelam bem o caminho que falta percorrer, mesmo dentro de um parlamento.

Mais saúde! Menos tabus!