O Bloco defende que uma parceria estratégica com a TAP é a melhor solução para salvar a SATA e proteger as ligações aéreas para fora da Região e alerta que as duas soluções que o governo regional coloca em cima da mesa – privatização ou encerramento – serão desastrosas para os Açores. António Lima diz que é preciso também travar imediatamente os prejuízos da SATA Air Açores, “empresa sem a qual não há Açores como os conhecemos”.
Num debate de urgência sobre a SATA, realizado esta manhã no parlamento, o deputado do Bloco de Esquerda acusou as últimas administrações da companhia aérea de terem enganado os açorianos vezes sem conta, com “truques para maquilhar as contas”, e de terem cometidos “erros de gestão e estratégia”, mas apontou também responsabilidades ao modelo de liberalização das rotas do continente para São Miguel e Terceira, “que custou muitas centenas de milhões de euros aos contribuintes dos Açores e está prestes a custar a própria existência da SATA Internacional”.
O Bloco lamenta que o governo da coligação tenha perdido a oportunidade de, após a pandemia, ter perdido “a oportunidade de fazer mudanças profundas na empresa”, como “ter uma empresa mais pequena dedicada apenas ao serviço público: rotas para o continente e para a diáspora” e “cujos prejuízos potenciais fossem mais pequenos do que aqueles que hoje têm”.
“O caminho que o governo da coligação escolheu foi o mesmo que tinha sido seguido até aqui: fazer crescer a empresa para a tornar apetecível a uma possível privatização. E com isso o governo torrou, queimou, desbaratou 453ME em ajudas públicas na SATA”, apontou António Lima.
Perante o atual cenário, o Bloco recupera uma proposta que já tinha apresentado em 2019: uma parceria estratégica entre a SATA e a TAP, que compense as fragilidades da companhia aérea açoriana, para que a região e o país continuem a ter uma palavra a dizer sobre as ligações aéreas para o exterior dos Açores.
“Conversem com o vosso governo da República, da vossa cor política, procurem perceber que alternativas é que há para uma possível negociação com a TAP para viabilizar o transporte aéreo que o país e os Açores tenha alguma palavra a dizer”, desafiou o deputado do Bloco.
António Lima frisa que as duas soluções que o governo regional tem em cima da mesa – privatização ou encerramento – terão custos graves para a Região.
Com a privatização, os contribuintes açorianos vão “pagar mais 400 ME” para ter “uma empresa que deixará de ter qualquer ligação com os Açores”, porque “os novos donos da SATA Internacional querem fazer dela uma empresa para ligar África aos EUA”.
“E a nossa economia como é que fica? Que garantia é que têm de que o transporte aéreo nos Açores continuará a dar a resposta que dá hoje em dia?”, questionou António Lima, lembrando que “a SATA Internacional é mais do que uma mera empresa de transporte, é uma empresa que tem um peso estrutural e fundamental para a nossa economia” e sem a qual não teria sido possível a atual aposta estratégica no turismo.
Por outro lado, “encerrar a empresa desordenadamente, como até o governo já parece ponderar”, é “um salto no escuro, com brutais consequências económicas e sociais que são inimagináveis para a Região”.
António Lima alertou ainda para o percurso que está a ser seguido pela SATA Air Açores, que em apenas quatro anos somou 30 milhões de euros de prejuízos.
“Há algo muito grave e errado com a SATA Air Açores, com as obrigações de serviço público em vigor, com as receitas e despesas da empresa. Ignorar isso é condenar a SATA Air Açores ao mesmo caminho que a SATA Internacional está a seguir”, assinalou o deputado do Bloco.