Bloco entrega proposta com urgência para impedir venda do Cineteatro Miramar

O Bloco de Esquerda entregou hoje no parlamento uma proposta para garantir que o Cineteatro Miramar, em Rabo de Peixe, continua na esfera pública, através do Teatro Micaelense. A proposta que pretende travar a intenção de venda daquele imóvel foi apresentada com pedido de urgência para que possa ser debatida e votada no plenário que decorre na próxima semana na cidade da Horta.

O Cineteatro Miramar é um espaço cultural multiusos gerido pelo Teatro Micaelense desde 2005, ano em que reabriu ao público depois de obras de recuperação financiadas por fundos EFTA, mas recentemente ficou a saber-se que um dos pontos da agenda da próxima Assembleia-Geral do Teatro Micaelense é “autorizar a abertura de procedimento de hasta pública para a venda do Cineteatro Miramar”.

O Bloco de Esquerda considera que a venda do Cineteatro Miramar será um grande erro e defende que é fundamental garantir que aquele espaço continua a ser uma infraestrutura pública, ao serviço da Cultura em Rabo de Peixe.

Além de um auditório com capacidade para 120 pessoas, com condições para acolher diversos espetáculos de palco e a projeção de filmes, no edifício do Cineteatro Miramar existe também uma biblioteca e ludoteca, e é também este espaço que acolhe a Escola de Música de Rabo de Peixe.

O Bloco lembra que em 2004, no lançamento da obra de recuperação do Cine Teatro Miramar, Carlos César, então presidente do Governo Regional, afirmava o seguinte: “Este espaço, pelas suas diversas funcionalidades, será um elemento muito importante na construção do percurso para a coesão social, permitindo o acesso a bens e atividades outrora vedados a uma parte muito significativa da população”.

E de facto, ainda hoje, no site institucional do Cineteatro se pode ler que “numa vila com problemáticas sociais complexas, que exigem intervenções abrangentes, articuladas e motivantes para os estratos da população mais penalizada, nomeadamente para os mais jovens, a polivalência do Cineteatro Miramar torna-o num espaço de intervenção importante, não só ao nível recreativo, como também, e sobretudo, socioeducativo” e que “este é um espaço intensamente vivido por crianças e jovens, que o frequentam diariamente”.

O Bloco de Esquerda pretende que o Cineteatro Miramar continue a desempenhar o importante papel social e cultura que tem desempenhado até aqui.

Por isso, o Bloco propõe que o parlamento recomende ao Governo Regional que dê instruções ao conselho de administração do Teatro Micaelense, entidade pública empresarial tutelada pela Secretaria Regional da Educação e dos Assuntos Culturais, no sentido de assegurar que a infraestrutura do Cineteatro Miramar, em Rabo de Peixe, não será alvo de uma alienação e que a sua gestão e propriedade se mantêm públicas, garantindo que continuará a prestar um serviço público de promoção da Cultura.

“A concretização da venda do Cineteatro Miramar será um duro golpe para a vila de Rabo de Peixe e um ataque ao seu desenvolvimento social e cultural”, salienta a proposta do Bloco.

Recorde-se que após a divulgação da intenção da administração do Teatro Micaelense em vender o Cineteatro Miramar, o presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe – também deputado do maior partido do Governo, o PSD – afirmou publicamente que aquele espaço “é um importante equipamento cultural para a vila” e acrescentou: “Não podemos, por isso, aceitar a venda em hasta pública”.

Entretanto, várias personalidades e entidades ligadas à vida social, cultural e política de Rabo de Peixe, e não só, também já se manifestaram publicamente contra a alienação do Cineteatro Miramar.

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