O Governo Regional tem sido a maior fonte de instabilidade e insegurança no Serviço Regional de Saúde

O Bloco de Esquerda acusa o Governo Regional de estar a criar o caos na Saúde – tendo deixado o hospital de Ponta Delgada “à beira do precipício” – e de estar a enfraquecer o Serviço Regional de Saúde para o tornar cada vez mais dependente do sector privado.

“O caos criado pelo governo na saúde deixará marcas profundas e que perdurarão no tempo. O Serviço Regional de Saúde precisa de investimento, modernização, valorização dos seus profissionais, condições de trabalho e respeito pelos utentes”, disse o deputado António Lima, hoje no parlamento.

O deputado do Bloco recordou os mais recentes acontecimentos que levaram 21 dos 25 diretores de serviço do HDES a pedir a sua demissão – entretanto revertida no seguimento da demissão da presidente do conselho de administração do hospital.

O governo regional tem sido “a maior fonte de instabilidade na Saúde, a maior fonte de ruído e a origem da insegurança” sentida pela população, assinalou António Lima, atribuindo esta situação às lutas de poder entre PSD e CDS pela tutela da saúde.

“O total desaparecimento do secretário regional da Saúde no período em que o SRS e o HDES mais precisavam da sua intervenção foi apenas mais uma confirmação de que nada tutela nesse hospital. E porquê? Porque os equilíbrios de poder no seio da coligação assim o exigem!”, assinalou António Lima.

O Bloco de Esquerda regista também o elevado número de demissões no sector da Saúde, nomeadamente a presidente do conselho de administração do hospital de Ponta Delgada, o presidente do conselho de administração da Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel e o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros.

“Quem é que não está demissionário na Secretaria Regional da Saúde, é que parece que toda a gente está demissionária...”, disse António Lima, salientando que a atual falta de gestão da Saúde em São Miguel – que representa muito mais de metade da atividade do SRS – “é uma verdadeira irresponsabilidade política”.

Esta instabilidade estende-se também ao hospital da Terceira, cuja administração já foi mudada duas vezes por este governo.

Quanto à resposta aos utentes ao nível dos cuidados de saúde, nomeadamente nas listas de espera, António Lima diz que “os resultados propagandeados como positivos pelo governo escondem uma realidade dramática, pois fazem-se essencialmente através de recursos que não são do SRS o que significa que os problemas de fundo, os problemas estruturais e de modernização continuam”. 

Ou seja, o que o Governo está a fazer – nomeadamente através da criação do cheque-saúde, que foi aprovado no Orçamento para o próximo ano – é enviar cada vez doentes para o privado.

“O cheque-saúde aprovado no orçamento – nova medida emblemática e um sonho da direita – significa enviar doentes para o Hospital Internacional dos Açores, que o maior grupo de saúde privado do país - o Grupo Mello – vai adquirir – e para outros prestadores privados”, disse António Lima.

O Bloco de Esquerda considera que isso é um ataque ao Serviço Regional de Saúde, porque se está a pagar a um hospital privado para se resolver os problemas das listas de espera, quando ainda há capacidade para aumentar a produção do Serviço Regional de Saúde.

“Não há complementaridade quando os hospitais não estão esgotados na sua capacidade nem muito menos quando os profissionais que vão operar no privado são do Serviço Regional de Saúde”, assinalou o deputado do Bloco.

António Lima lembra que o HIA foi pago com 12 milhões de euros de dinheiro público, recebeu um terreno quase grátis, benefícios fiscais, já recebeu 340 mil euros em apoios públicos para pagar salários, vive dos recursos humanos especializados do Serviço Regional de Saúde, “e agora terá clientes pagos pelos contribuintes”. “Um negócio do outro mundo!”, disse o deputado.

António Lima referiu também os problemas recentes com a ISOPOR, a empresa privada a quem a Região entregou a medicina nuclear, para demonstrar que é um erro deixar a Saúde nas mãos dos privados.

“Este governo, esta coligação e esta maioria não têm a capacidade nem a vontade para regenerar o SRS. São parte do problema.”, concluiu António Lima.

Share this