O plano e orçamento da região foram votados há alguns dias mas enquanto durar o ano de 2021 estaremos a viver com eles e portanto não é, decerto, tarde para voltarmos ao assunto da sua votação. Este é o momento em que ficam traçadas as ações e investimentos dos próximos meses. Obviamente são muitas as propostas e por isso mesmo não é fácil para a população compreender o que se propõe, o que é aprovado e o que é chumbado no meio de tantos programas, projetos e ações. Algumas delas já foram sobejamente utilizadas para apedrejamentos mútuos entre PS e PSD e não perderei espaço com elas. Mas trago outros temas, menos debatidos nesta última semana mas sobejamente conhecidos e ansiados por quem cá vive.
Só para o Faial, por exemplo, o Bloco de Esquerda teve três propostas chumbadas, inclusivamente por partidos do governo que quando estavam na oposição exigiam estas mesmas medidas. A primeira de que falo aqui prende-se com a necessidade de um travel lift para o Porto da Horta. O Bloco propôs que se estudasse qual o equipamento adequado, localização e infraestrutura para que se possam servir embarcações com mais de 20 toneladas (o máximo - que mais parece um mínimo - de capacidade de carga que o equipamento do porto da Horta pode neste momento oferecer). O chumbo do PS é coerente com a indiferença que sempre mostrou em relação a este assunto. Mas os chumbos do PSD e CDS, que em vários momentos exigiram ao anterior governo que se dedicasse a este problema, já deixa um travo diferente no paladar dos faialenses. O governo mudou mas as necessidades urgentes do porto da Horta e as expectativas dos seus utilizadores continuam exatamente no mesmo ponto e não se vislumbra horizonte para que alguém pegue nelas e as leve a porto, para utilizar na mesma frase duas metáforas fáceis mas tentadoras, dado o contexto.
Ficamos também curiosos para saber qual a margem de manobra que 15.000 euros dão para finalizar as obras da Casa Manoel de Arriaga e se este irrisório valor inclui a criação dos jardins que este espaço e a cidade merecem. O Bloco propôs reforçar esta ação com 100.000 euros, o que foi chumbado pela maioria de direita e pelos partidos com acordos parlamentares.
Também a proposta do Bloco de se iniciar as obras necessárias à requalificação das termas do Varadouro ficou por terra, adiando uma vez mais as expectativas desta freguesia de possuir um atrativo turístico que ajude à recuperação económica do setor desta zona da ilha do Faial.
Quanto à Variante à cidade da Horta, que a maioria de direita agora pretende fazer passar mais acima, qual via rápida a rasgar a paisagem, tememos o pior. O trânsito tem de ser escoado, sim, mas numa via condigna, integrada no tecido urbano de forma harmoniosa e que não seja mais um fosso de betão e asfalto, estéril aos sentidos e despropositado ao ambiente em que irá ser inserido (como é aliás exemplo a primeira fase desta obra).
Todas estas propostas são investimentos pequenos e pouco invasivos que, no entanto, fariam uma enorme diferença à vida dos faialenses. São, aliás, reivindicações que os partidos agora no poder já tiveram como suas. A que se deve então a falta de capacidade de carga para serem incluídas no seu primeiro plano anual?