Silêncio ensurdecedor

O mundo encontra-se lutando contra o novo coronavírus: um inimigo invisível que nos coloca a todos e todas em risco.

É inegável que as decisões tomadas são essenciais para evitar desfechos mais trágicos do que aqueles que, ao momento, já são conhecidos.

Ninguém lida bem com as medidas impostas. É verdade. Cada qual, à sua maneira,  adapta-se a esta realidade que, por enquanto, não sabemos de quanto tempo será.

A nossa região enfrentará um longo caminho para a retoma económica, no qual as desigualdades sociais serão, ainda, mais evidentes. É um momento difícil para se pensar o futuro, quando o presente é tão incerto.

No entanto, há que preparar o futuro, porque o futuro começou no dia em que se começou a ouvir falar de um vírus que roubava vidas, na cidade de Wuhan.  

Várias medidas de apoio às pessoas e ao tecido empresarial têm sido tomadas pelos Governos da República e Regional, com o objetivo de minimizar o impacto desta pandemia na vida das pessoas e das empresas.

No entanto, nem todas as pessoas, nem todas as empresas são abrangidas por essas medidas.

A pensar nesses e noutros casos, o BE na Assembleia da República e o no Parlamento Regional apresentou várias propostas que são mais abrangentes do que as medidas tomadas até agora.

Na ilha Terceira, a estrutura local do BE desafiou a Câmara de Angra do Heroísmo a canalizar as verbas das Sanjoaninas para o apoio à população residente no concelho; à criação de um fundo de emergência social; à criação de um fundo de dinamização empresarial que permita isentar o comércio local e a restauração do pagamento de taxas de água e resíduos; à criação de uma bolsa de Alojamentos Locais que estejam disponíveis para receber profissionais de saúde em quarentena e pessoas infetadas que tenham autonomia e sintomas que não necessitem de hospitalização; e a criação de uma bolsa de psicólogos para apoio à população residente no concelho, em parceria com IPSS e a Unidade de Saúde da Ilha Terceira.

O silêncio da Câmara de Angra do Heroísmo é ensurdecedor e assustador. A esta altura seria expectável que, à semelhança de outras câmaras, se soubesse com que apoios os/as angrenses podem contar.

Será que não conhecem as lacunas do concelho? Será que não deram conta das dificuldades que os/as residentes enfrentam? Será que perceberam que o tempo das “papas e bolos” já passou? Será que sem palco elevatório e sem festas, não sabem o que fazer? E a oposição, com assento municipal, onde está?

Aproveito para agradecer a todas as pessoas que, não podendo estar nas suas casas, trabalham todos os dias, cuidando intensivamente para que nada nos falte.