Vera Pires defende a criação de uma bolsa municipal de arrendamento em Ponta Delgada para baixar os preços do mercado que está inflacionado pela pressão turística. Numa visita à Associação Alternativa, a candidata do Bloco abordou também as dificuldades que atingem as pessoas que tentam recuperar de problemas de dependências e a forma como a autarquia pode contribuir para a integração destes cidadãos.
A bolsa pública de habitação proposta por Vera Pires deverá ser criada a partir da requalificação de habitações já existentes, em vez de novas construções, e a estratégia deve passar por ter habitações espalhadas por todo o concelho: “não defendemos a solução de construção de bairros sociais, que leva à criação de guetos” e à manutenção dos problemas sociais existentes.
Além disso, esta bolsa deve estar acessível a todas as pessoas que precisem, incluindo a chamada classe média, sendo o pagamento das rendas progressivo: “Cada pessoa deve pagar de acordo com aquilo que recebe”, explicou a candidata.
O problema de habitação atinge a população de uma forma geral, mas tem um impacto ainda maior em pessoas com problemas de inclusão, como é o caso das dependências.
Por isso, além do trabalho de prevenção, que deve ser feito pela autarquia em cooperação com o Governo Regional, Vera Pires considera que “os poderes públicos têm que dar respostas”, nomeadamente através de contributos para promover a inserção no mercado de trabalho, acesso aos transportes públicos e condições de habitação.
Isto porque, “uma pessoa que não tem casa, não tem trabalho, e não tem dinheiro para medicamentos, é uma pessoa que está excluída à partida”, assinalou Vera Pires. Se a isso juntarmos um problema de dependência, “esta pessoa não terá, por si só, a capacidade de dar a volta e reorganizar a sua vida”.
E estes problemas de habitação, emprego e transportes afetam de forma mais profunda quem tem problemas de dependências: “Ouvimos aqui casos de pessoas que recebem 200 euros de apoios sociais e pagam 200 euros de renda por um quarto”, disse Vera Pires, que acrescentou que “estas pessoas têm que escolher entre pagar o quarto ou comer” e “quando as opções são assim tão limitadas, não há condições de vida dignas”.
Ainda sobre respostas sociais para os munícipes, Vera Pires defendeu também a necessidade de todas as freguesias estarem dotadas de uma unidade de saúde com médico e serviço de enfermagem, e que, particularmente para combater o problema das dependências, seria importante haver acompanhamento de Psicologia e Psiquiatria descentralizado e com maior proximidade em cada uma das freguesias.
O Bloco de Esquerda defende que é necessário apoiar as associações que desempenham este trabalho de acompanhamento a pessoas com dependência – como é o caso da Alternativa.